13 de maio é o “Dia do Zootecnista”

04/05/2017 13:55
 
    Esta data comemorativa faz referência ao dia da aula inaugural do primeiro curso superior de zootecnia instalado no Brasil, no ano de 1966 em Uruguaiana - Rio Grande do Sul. 
 
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Correio do Povo - 08/05/1966
 
    A primeira referência mundial ao termo Zootechnie, derivando dos radicais gregos ζωον, zoon (animal) e τέχνη,techne (tratado sobre uma arte), está contida na obra histórica Cours d'Agriculture de Adrien Étienne Pierre, o Conde de Gasparin. Nesta primeira edição publicada no ano de 1843, o Conde foi o primeiro a reconhecer na arte de criar animais um objeto próprio da ciência separando-a da agricultura. 
 
    O ensino formal da produção animal nasceu em 1848 na França, com a criação pelo próprio Gasparin, no Instituto Agronômico de Versailles, de uma cadeira destinada ao estudo dos animais domésticos como um corpo independente de doutrinas denominada como Zootechnie, Zootecnia no português, desligando-se do ensino vigente da Agricultura Geral. A partir de então, Zootecnia deixou de ser somente uma prática que se aprendia com a “lida” com o gado, para ser também uma arte ou ciência aplicada que se apreende observando e experimentando, conforme definiu Cornevin em 1881. A Zootecnia então entendida como ciência complexa deveria evoluir, sendo ensinada nas universidades e centros de altos estudos, tendo estas idéias se dispersado pelo mundo civilizado.
 
Cours d'Agriculture - 1843
 
    O desenvolvimento tecnológico e dos conhecimentos nas diversas áreas das ciências agrárias foi o grande propulsor da independência da zootecnia dos cursos de medicina veterinária e agronomia no Brasil. Por ser uma atividade técnica especializada e sendo necessário para o profissional zootecnista um vasto campo de conhecimento multidisciplinar, era impossível em poucos meses de estudos nestes outros cursos agrários adquirir habilidades para desempenhar com maestria esta profissão.
 
    Diante disso, Dr. Octávio Domingues, Presidente da Sociedade Brasileira de Zootecnia SBZ, defendeu em 1952 a criação de um curso de graduação que tratasse os estudos de Zootecnia de forma independente da Agronomia e da Veterinária. Entendia que estas carreiras, responsáveis pelo exercício profissional da Zootecnia, respondiam apenas superficialmente aos desafios pecuários cada vez mais complexos. 
 
    Dr. Octávio Domingues, ameaçou abandonar a presidência da SBZ caso não se consolidasse a discussão da proposta, que após debates fervorosos, aprovou-se por unanimidade na assembleia a seguinte moção: “Considerando as falhas que se vem observando no currículo das escolas de Agronomia e de Veterinária, na preparação de Zootecnistas em nosso país, sugerimos que, ouvido o plenário, seja recomendado à SBZ que apoie o movimento no sentido da criação de escolas de Zootecnia, a fim de que possam as mesmas formar profissionais devidamente preparados para a especialidade”.
 
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 Em 1929, o Professor Octávio Domingues definiu Zootecnia, como: “Ciência aplicada, que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório, e deste ambiente ao animal”.
 
    A independência da profissão de zootecnista foi marcada por uma cadeia de avanços na tecnologia e no conhecimento que sempre complementaram um ao outro. O desenvolvimento da ciência zootecnia e das tecnologias zootécnicas têm acarretado diversas transformações na sociedade contemporânea. 
 

 

    O projeto pedagógico do curso, observando tanto o aspecto do progresso social quanto da competência científica e tecnológica, permite ao profissional, a atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas em qualquer empreendimento ligado à criação, comercialização, manutenção, manejo de animais ou manufatura de seus produtos e subprodutos, considerando em seu mister de trabalho os aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, atendendo às demandas da sociedade.

 

 
    Atualmente, os 105 cursos de graduação em zootecnia no Brasil tem formando um contingente de profissionais interdisciplinares, com conhecimentos e habilidades nas áreas de economia, administração, extensão rural, assim como, melhoramento genético, ecologia, ambiência, biotecnologia, saúde, bem-estar e manejo. Também engloba a nutrição, formação de pastagens, sistemas de produção animal e industrialização de produtos de origem animal, tendo um amplo campo de atuação.
 
    O zootecnista tem conhecimentos focados na produtividade e rentabilidade na criação de animais. Por meio de planejamento agropecuário, pesquisas nas áreas de seleção e melhoramento genético e técnicas de nutrição e reprodução, atua em toda a cadeia produtiva animal. Este profissional tem a atribuição de planejar e dirigir sistemas de produção e realizar pesquisas e ações técnicas que visem a informar, orientar, gerenciar ou assistir a criação de animais domésticos, selvagens, insetos úteis ao homem e organismos aquáticos, em todos os seus ramos e aspectos.
 
    A crescente percepção dos problemas ambientais e da eminente falta dos recursos naturais corroborou para a necessidade de rever os modelos de desenvolvimento até agora adotados, com o intuito de criar alternativas para produzir alimentos, sem prejudicar a biosfera. Neste sentido o zootecnista se tornou o protagonista da construção de um novo, saudável e produtivo modo de interagir com as pessoas, os animais e o planeta garantindo a segurança alimentar, intensificação dos sistemas de produção, aumento da produtividade dos animais e a redução da pobreza em face aos desafios ambientais cada vez mais complexos.  
 
    O avanço da zootecnia nos últimos anos tem contribuído de forma significativa para o aumento da produção mundial de alimentos de origem animal. O zootecnista é um dos responsáveis pelo crescimento da produtividade dos animais e pela evolução pecuária global decorrente de fatores como melhorias nas técnicas de produção, infraestrutura, ambiência, nutrição, melhoramento genético, sanidade e o entendimento das relações destes conhecimentos através do manejo direto do animal.
 
     O grande desafio e oportunidade para os zootecnistas é produzir alimento em quantidade e qualidade que atenda a demanda desta crescente e, cada vez mais exigente população, empregando estratégias apropriadas e as tecnologias disponíveis para que o fomento da produção animal seja feito de modo substancial e sustentável.
 
Henrique Luís Tavares
Secretário Geral do Sindicato Paulista de Zootecnistas
Zootecnista do Parque das Aves
 
 

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