Criador aposta no potencial de melhoramento da saúde e da estética em produtos à base de óleo de avestruz
MIRANTE DA SERRA - Conhecidos em Mirante da Serra, e ainda pouco divulgado no estado de Rondônia, a produção dos produtos à base de óleo de avestruz surgiu do empresário, terapeuta e criador de avestruzes José Francisco Cardozo. O Portal Amazônia viajou até a cidade para conhecer os benefícios do óleo e entrevistou o empresário. Confira.
Em 1995, José Francisco chegou em Mirante da Serra e relembra que precisava montar o próprio negócio. Para isso, Cardozo procurou alternativas para a pequena propriedade. “E eu achei no avestruz o caminho para ter bastante rentabilidade em um pedaço pequeno de terra. Comecei a criar avestruz e em 2003 criei a Corrida de Avestruz e em 2004 o óleo de avestruz”, relata.
José Francisco enxergou o potencial da banha de avestruz para fabricação de produtos. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia
A partir daí, Francisco iniciou uma longa batalha para legalizar o produto. ”Criei o óleo natural de avestruz ainda sem registro e começou a história de luta, de sacrifícios, de persistência”, explica. Com apoio de pesquisas realizadas por universidades, Francisco conseguiu em 2010 registrar a fábrica de cosméticos a base de óleo de avestruz. Já em 2012, o criador alcançou a conquista mais esperada – a fábrica de óleo de avestruz ganhou o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) pelo Ministério da Agricultura.
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O desafio de Francisco agora é outro. ”A nossa luta não terminou, agora precisamos é provar tudo isso que fizemos com pesquisas científicas para que o óleo tenha o reconhecimento e chegue na mão de todos com prescrição médica. Esse é o meu grande sonho”, afirma Francisco.
‘Mira’ em Mirante da Serra
O empresário explica que pensou de forma mercadológica ao escolher a cidade para trabalhar. ”Se você olhar no mapa e eu tive essa curiosidade de fazer a medição. Mirante está no centro de Rondônia e, por está no centro do Estado e ser uma cidade pequena, eu achei que seria mais fácil envolver a comunidade em um projeto novo. O óleo tem a proposta de melhorar a qualidade de vida dos moradores. E deu certo, eu não desisto daqui”, garante.
Matéria-prima
As duas indústrias: Amazônia Struthio e Ômegas da Amazônia empregam diretamente dez funcionários e estão localizadas na rodovia 470, km 55, em Mirante da Serra. No Estado, há cerca de 300 pessoas envolvidas no projeto. São cerca de 500, em todo o Brasil. José Francisco é criador de avestruz, mas a matéria-prima- a banha de avestruz usada para fabricação dos produtos- é comprada de outros Estados.
Os avestruzes criado por José Francisco ainda não fornecem matéria -prima para as indústrias. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia
O criador e empresário enfatiza que o sonho é completar o ciclo. “Para mim, o que falta é fechar a criação em Rondônia com um mini frigorífico e gerar a produção da banha do avestruz. A empresa está aberta a parcerias com novos criadores de avestruzes vinculados à indústria”, conta.
O esquema funcionaria assim o produtor criar os avestruzes e já tem a garantia que as indústria de José Francisco comprará e processará a matéria-prima. ”Seria importante que o óleo das minhas empresas saísse de aves abatidas em Rondônia que tem maior índice de ômega 3 do que a que importamos”, aponta.
Produtos
O primeiro produto idealizado por José Francisco foi o óleo de avestruz. ”O óleo surgiu em 2003 como alimento através de muitas pesquisas, teimosias e experiências. O óleo era usado em animais, depois passamos a usar em humanos. Fizemos pesquisas para comprovar a parte mais importante do óleo que são os ômegas 3,6,7 e 9, a vitamina A, D e E. Foi quando surgiram os produtos não só como alimentos, mas também os cosméticos”, disse.
Ainda nas primeira experiências do uso do óleo em animais, José Francisco percebeu os efeitos do produto como cicatrizante e também como estimulante no aumento do ovos e, até mesmo na melhoria da saúde dos animais. ”Comecei a preparar este óleo para o consumo humano. Muitas pesquisas foram realizadas e surgiu a primeira fábrica: a de cosméticos. É interessante porque o óleo contém ômegas 7 e 9 que estão contidas na nossa pele, então ao usar o cosmético a pele aumenta a produção de novas células, o que traz o rejuvenescimento”, garante.
A indústria de cosméticos Ômegas da Amazônia fabrica nove produtos: o creme facial, óleo para massagem, gel de massagem, hidrante corporal de cupuaçu, hidrante corporal de erva-doce, shampoo, condicionador, creme para pentear e máscara capilar. Já a Amazon Struthio produz o óleo e a banha de avestruz, sendo o óleo o campeão de vendas na região.
Apesar do alvo inicial de Cardozo ser o óleo de avestruz, como alimento, a indústria de cosméticos foi criada primeiro devido a burocracia de legalizar a fábrica de alimentos. ”A indústria de cosméticos foi criada em 2010 e em 2012 criamos a fábrica do óleo de avestruz. Houve essa inversão porque para criar a fábrica de cosméticos não precisava do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) pelo Ministério da Agricultura, e a de alimentos sim”, explica.
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Industrialização
A matéria-prima das indústrias são provenientes de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e também do Nordeste. A banha chega por caminhões frigorificados com temperatura a -10ºC. Entra na fábrica depois de uma inspeção da responsável técnica e de um fiscal. Após isso, passa pela câmara fria e é agendado os dias de processamento.
É um processamento industrial, mas que José Francisco guarda em segredo como acontece. O empresário explica os produtos são isentos de conservante ou corante, as empresas primam pela pureza do óleo. Depois de processada, a matéria-prima vai para tanques onde são separadas em lotes.
A rotulagem dos produtos é a etapa de finalização do processo industrial. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia
Dos lotes são coletadas amostras que seguem para análises no laboratório. Depois da liberação dos lotes, eles são envazados e passam por rotulagem e novamente são inspecionados e passam por novos testes para serem comercializados.
Depois de rotulados, os produtos passam por novos testes e seguem para a venda. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia
Com o agregamento de valores ao óleo de avestruz, o preço da banha que antes era comprada a R$ 5 o quilo, agora subiu para R$20. A banha, segundo o empresário, está mais cara que a carne. E antes ela recebia o mesmo destino do sebo de boi, a graxaria. Para a fabricação dos produtos das duas indústrias, Francisco compra cerca de 1 tonelada ou 1 tonelada e meia de banha por ano.
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