Banha de avestruz vira produtos de alimento e beleza, em Mirante da Serra - RO

10/09/2014 20:26

 

Criador aposta no potencial de melhoramento da saúde e da estética em produtos à base de óleo de avestruz

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MIRANTE DA SERRA - Conhecidos em Mirante da Serra, e ainda pouco divulgado no estado de Rondônia, a produção dos produtos à base de óleo de avestruz surgiu do empresário, terapeuta e criador de avestruzes José Francisco Cardozo.  O Portal Amazônia viajou até a cidade para conhecer os benefícios do óleo e entrevistou o empresário. Confira.

Em 1995, José Francisco chegou em Mirante da Serra e relembra que precisava montar o próprio negócio. Para isso, Cardozo procurou alternativas para a pequena propriedade. “E eu achei no avestruz o caminho para ter bastante rentabilidade em um pedaço pequeno de terra. Comecei a criar avestruz  e em 2003 criei a Corrida de Avestruz e em 2004 o óleo de avestruz”, relata.

José Francisco enxergou o potencial da banha de avestruz para fabricação de produtos. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

José Francisco enxergou o potencial da banha de avestruz para fabricação de produtos. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

A partir daí, Francisco iniciou uma longa batalha para legalizar o produto. ”Criei o óleo natural de avestruz ainda sem registro e começou a história de luta, de sacrifícios, de persistência”, explica. Com apoio de pesquisas realizadas por universidades, Francisco conseguiu em 2010 registrar a fábrica de cosméticos a base de óleo de avestruz. Já em 2012, o criador alcançou a conquista mais esperada – a fábrica de óleo de avestruz ganhou o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) pelo Ministério da Agricultura.

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O desafio de Francisco agora é outro. ”A nossa luta não terminou, agora precisamos é provar tudo isso que fizemos com pesquisas científicas para que o óleo tenha o reconhecimento e chegue na mão de todos com prescrição médica. Esse é o meu grande sonho”, afirma Francisco.

Em Mirante da Serra,indústrias têm como matéria-prima a banha de avestruz

As indústrias trabalham como a linha de alimentos e cosméticos. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia

‘Mira’ em Mirante da Serra

O empresário explica que pensou de forma mercadológica ao escolher a cidade para trabalhar. ”Se você olhar no mapa e eu tive essa curiosidade de fazer a medição. Mirante está no centro de Rondônia e, por está no centro do Estado e ser uma cidade pequena, eu achei que seria mais fácil envolver a comunidade em um projeto novo. O óleo tem a proposta de melhorar a qualidade de vida dos moradores. E deu certo, eu não desisto daqui”, garante.

Matéria-prima

As duas indústrias: Amazônia Struthio e Ômegas da Amazônia empregam diretamente dez funcionários e estão localizadas na rodovia 470, km 55, em Mirante da Serra. No Estado, há cerca de 300 pessoas envolvidas no projeto. São cerca de 500, em todo o Brasil. José Francisco é criador de avestruz, mas a matéria-prima- a banha de avestruz usada para fabricação dos produtos- é comprada de outros Estados.

Em Mirante da Serra,indústrias têm como matéria-prima a banha de avestruz

Os avestruzes criado por José Francisco ainda não fornecem matéria -prima para as indústrias. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia

O criador e empresário enfatiza que o sonho é completar o ciclo. “Para mim, o que falta é fechar a criação em Rondônia com um mini frigorífico e gerar a produção da banha do avestruz. A empresa está aberta a parcerias com novos criadores de avestruzes vinculados à indústria”, conta.

O esquema funcionaria assim o produtor criar os avestruzes e já tem a garantia que as indústria de José Francisco comprará e processará a matéria-prima. ”Seria importante que o óleo das minhas empresas saísse de aves abatidas em Rondônia que tem maior índice de ômega 3 do que a que importamos”, aponta.

Produtos

O primeiro produto idealizado por José Francisco foi o óleo de avestruz. ”O óleo surgiu em 2003 como alimento através de muitas pesquisas, teimosias e experiências. O óleo era usado em animais, depois passamos a usar em humanos. Fizemos pesquisas para comprovar a parte mais importante do óleo que são os ômegas 3,6,7 e 9, a vitamina A, D e E. Foi quando surgiram os produtos não só como alimentos, mas também os cosméticos”, disse.

Em Mirante da Serra,indústrias têm como matéria-prima a banha de avestruz

A empresa de cosméticos foi a primeira a ser criada. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

Ainda nas primeira experiências do uso do óleo em animais, José Francisco percebeu os efeitos do produto como cicatrizante e também como estimulante no aumento do ovos e, até mesmo na melhoria da saúde dos animais. ”Comecei a preparar este óleo para o consumo humano. Muitas pesquisas foram realizadas e surgiu a primeira fábrica: a de cosméticos. É interessante porque o óleo contém ômegas 7 e 9 que estão contidas na nossa pele, então ao usar o cosmético a pele aumenta a produção de novas células, o que traz o rejuvenescimento”, garante.

A indústria de cosméticos Ômegas da Amazônia fabrica nove produtos: o creme facial, óleo para massagem, gel de massagem, hidrante corporal de cupuaçu, hidrante corporal de erva-doce, shampoo, condicionador, creme para pentear e máscara capilar. Já a Amazon Struthio produz o óleo e a banha de avestruz, sendo o óleo o campeão de vendas na região.

A empresa de cosméticos foi a primeira a ser criada. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

A empresa de cosméticos foi a primeira a ser criada. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

Apesar do alvo inicial de Cardozo ser o óleo de avestruz, como alimento, a indústria de cosméticos foi criada primeiro devido a burocracia de legalizar a fábrica de alimentos. ”A indústria de cosméticos foi criada em 2010 e em 2012 criamos a fábrica do óleo de avestruz. Houve essa inversão porque para criar a fábrica de cosméticos não precisava do selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF) pelo Ministério da Agricultura, e a de alimentos sim”, explica.

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Industrialização

A matéria-prima das indústrias são provenientes de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e também do Nordeste. A banha chega por caminhões frigorificados com temperatura a -10ºC. Entra na fábrica depois de uma inspeção da responsável técnica e de um fiscal. Após isso, passa pela câmara fria e é agendado os dias de processamento.

É um processamento industrial, mas que José Francisco guarda em segredo como acontece. O empresário explica os produtos são isentos de conservante ou corante, as empresas primam pela pureza do óleo. Depois de processada, a matéria-prima vai para tanques onde são separadas em lotes.

Em Mirante da Serra,indústrias têm como matéria-prima a banha de avestruz

A rotulagem dos produtos é a etapa de finalização do processo industrial. Foto: Vanessa Moura/ Portal Amazônia

Dos lotes são coletadas amostras que seguem para análises no laboratório. Depois da liberação dos lotes, eles são envazados e passam por rotulagem e novamente são inspecionados e passam por novos testes para serem comercializados.

Depois de rotulados, os produtos passam por novos testes e seguem para a venda. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia

Depois de rotulados, os produtos passam por novos testes e seguem para a venda. Foto: Vanessa Moura/Portal Amazônia

Com o agregamento de valores ao óleo de avestruz, o preço da banha que antes era comprada a R$ 5 o quilo, agora subiu para R$20. A banha, segundo o empresário, está mais cara que a carne. E antes ela recebia o mesmo destino do sebo de boi, a graxaria. Para a fabricação dos produtos das duas indústrias, Francisco compra cerca de 1 tonelada ou 1 tonelada e meia de banha por ano.

 

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