Raça é bastante usada para pastorear rebanho de ovelhas e pode substituir até dois homens trabalhando
Mila, uma cadela de 9 anos que é uma expert no que faz
As ovelhas são soltas e Mila não perde tempo. Fica em posição de alerta e, atenta às ordens do criador, faz com que os ovinos andem na linha, não saiam do seu cerco e só caminhem por onde ela permitir.
A cadela de 9 anos é uma expert no que faz. Ela é a chefe da matilha de Rafael Rodrigues Jorge, 33, zootecnista especializado na criação de border collies como cão pastor.
Rafael teve seu primeiro border, o Skip, em 2005, quando começou a criar ovelhas. “Percebi que eles são ótimos nisso e podem até substituir dois funcionários”, conta Rafael.
“A partir daí eu fui aprendendo com ele e ele comigo”, conta sobre como começou a se especializar no treinamento da raça para cuidar do rebanho.
“Esses cães já nascem com o instinto de pastorear, por isso, só precisam aprender os comandos dados pelo homem para serem controlados durante a lida. Um animal dessa raça pode tocar até 500 ovinos de uma vez. A capacidade de aprendizado e de concentração deles é incrível”, explica Carlos Pavan, organizador de provas de border collie.
O canil de Rafael, o Pastores do Cerrado, conta hoje em dia com 40 border collies. Eles são cachorros do pasto. “Apesar de todo o carinho e cuidado, eles são animais rústicos”, diz.
Os animais são tratados com ração premium, recebem treinamento diário e contam com muitas horas de lazer. “Eu prezo muito a questão do estresse, por isso, eles são soltos todos os dias pela chácara para brincar”, conta Rafael.
Apesar destes borders serem criados para pastorear, eles também podem ser bons cães de companhia. “Eles são extremamente obedientes”, ressalta Rafael. “Mas é importante que pessoas que procuram um border collie comprem de um criador idôneo”, diz.
Campeonato/ No Estado de São Paulo, duas entidades promovem os campeonatos desta modalidade: a Associação Paulista de Pastoreio (Appas) e a Associação de Pastoreio do Oeste Paulista (Apop).
O evento é muito parecido com o que aparece no filme “Babe, O porquinho Atrapalhado”, onde o suíno compete com os cães da raça border collie com truques de pastor.
Bauru recebe hoje uma mostra destes campeonatos, a partir das 11h, no recinto Mello Moraes. Os cães que participarão da prova têm experiência em competições oficiais e estão entre os melhores de suas categorias. “Será um espetáculo muito bonito para o público assistir”, convida o organizador Carlos.
Ligação entre a raça e o trabalho no campo é centenária
O border collie é resultado de mais de um século de criação para a função de pastor de ovelhas. Nos anos de 1800 havia grande variedade de cães pastores de ovinos na Grã- Bretanha - local de origem da raça. Alguns eram utilizados como cães de resgate, com tendência inata de cercar o rebanho e levá-lo de volta ao pastor.
Em 1873 houve o primeiro campeonato de cães pastores de ovelhas. Esse concurso levou, indiretamente, aos primeiros collies, a partir de um cachorro chamado Hemp. Ao contrário dos demais cães, que conduziam os rebanhos com latidos e mordidas, ele fazia o mesmo trabalho parando tranquilamente em frente às ovelhas e intimidando-as. Apenas em 1915 foi registrado o nome border collie, numa referência à sua origem nas fronteiras inglesas e escocesas. Ao chegar à América, imediatamente encantou os criadores de ovelhas com seu trabalho rápido e sua capacidade de obediência.
No Brasil os cães dessa raça vêm sendo utilizados para a lida em fazendas há cerca de 25 anos. O número de campeonatos da raça também aumentou na última década.
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