Mas a realidade é que 90% do consumo mundial ocorre da própria França e a proibição americana não deve ter grandes consequências financeiras, de acordo com Philippe Baron, presidente da Federação Nacional de Produtores de Foie Gras. "As proibições praticamente não são prejudiciais sob o ponto de vista de trocas comerciais. Na realidade, desde 1999, quando foram adotadas várias taxas sobre alguns tipos de produtos, entre eles o foie gras e o queijo não pasteurizado, as empresas não têm mais um verdadeiro interesse econômico em exportar para a Califórnia ou mesmo para os Estados Unidos. Mas o maior prejuízo é moral. Nós não machucamos nem maltratamos os animais."
Baron está muito mais preocupado com a imagem negativa do produto que a proibição californiana poderá provocar. Ele acha que essa medida pode influenciar outros países a agirem da mesma forma. "O que nós estamos fazendo é chamar uma delegação americana, através do consulado americano, para que eles venham aqui, na região de Gers. Vamos mostrar a eles como funciona. Vamos mostrá-los que não há nem tortura nem maus-tratos. Não queremos que haja prejuízo na imagem do produto", disse.
Apesar da indignação provocada pela medida, a decisão do governo da Califórnia está em conformidade com as regras internacionais de comércio estabelecidas pela OMC, a Organização Mundial de Comércio. Evaldo Alves, professor de comércio exterior da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, explica como funcionam essas normas.
Lúcia Müzell
Fonte: rfi