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Glayk Humberto Vilela Barbosa1 e Vânia Mirele Ferreira Carrijo2 |
1- Zootecnista e 2- Médica Veterinária
glaykhumbertovilela@yahoo.com.br |
O sistema de produção da pecuária leiteira está crescente e cada vez mais tecnificada, para evitar problemas com a transmissão de doenças e a alta de mortalidade de bezerros, é essencial que produtores adotem práticas eficientes de manejo com os animais recém-nascidos.
Dentre os fatores de produção mais importantes e críticos na criação de bezerros destacam-se os seguintes: cuidados com as vacas antes do parto, o fornecimento do colostro, a cura do umbigo, o fornecimento da dieta líquida e o desenvolvimento do rúmen. Os manejos sanitário, nutricional e ambiental adequados são fundamentais para produção eficiente de bezerros possibilitando minimizar a mortalidade e perdas de animais e maximizar a lucratividade, tanto na reposição de matrizes do rebanho como na comercialização de machos para reprodução e abate.
O piquete maternidade deve ser em um local de fácil acesso e bem visível por todos os funcionários da fazenda. O pasto-maternidade adequado é aquele que oferece espaço, sombra, água e alimento à vontade para todas as vacas. Este local deve ser calmo, com boa ventilação e, acima de tudo limpo e longe de grande movimentação da fazenda (como currais, casas e estradas), pois no momento do parto, vaca e bezerro passa por um processo de reconhecimento mútuo. Ordenhar a vaca somente depois que o bezerro mamou o colostro, o bezerro deve mamar no mínimo dois litros de colostro por mamada. Por exemplo, o bezerro da raça Gir e o Indubrasil têm comportamento diferente dos demais zebus e taurinos após o parto por ser um pouco mole para levantar para a primeira mamada.
A oferta do colostro para os bezerros logo após o nascimento é um manejo de extrema importância no sistema de criação da pecuária leiteira porque está diretamente relacionada à saúde e ao desenvolvimento dos futuros progenitores (pais) do rebanho.
Desta forma os bezerros são totalmente dependentes do consumo de colostro para adquirir imunidade, chamada de imunidade passiva, até que seu organismo comece a produzir seus próprios anticorpos, chamado imunidade ativa.
O bezerro deve mamar seu primeiro colostro em até 3 horas após o nascimento, diretamente de sua mãe, e permanecer com ela no mínimo até 12 horas após o nascimento para ter a oportunidade de mamar à vontade e mais vezes. Este manejo adequado do fornecimento do colostro para o bezerro está diretamente relacionado à diminuição da incidência de doenças e mortes no bezerreiro.
Logo ao nascer, identificar o bezerro (tatuagem, brinco ou coleira) e constar em seu registro (ficha própria) a data de nascimento, ascendências e outras características necessárias.
O corte e desinfecção do umbigo são feitos logo após o nascimento, deixando-se em torno de 3cm de cordão umbilical realizar este processo durante três a quatro dia, mergulhando-o em recipiente pequeno, de boca larga, com solução de álcool iodado a 10%.
Acompanhar constantemente o estado sanitário dos bezerros e sempre que surgir algum doente, por exemplo, diarréia, separá-lo dos demais. Para evitar diarréias nos bezerros, é importante que eles permaneçam em ambientes adequados, secos, com água e comida de boa qualidade. Onde os bezerros bebem água, a possibilidade de contaminação aumenta nos locais que permanentemente estejam com umidade elevada, com poças de água ou mesmo com barro. As diarréias mais comuns aparecem na forma de curso branco, negro, diarréia de sangue etc., provocando nos bezerros desidratação, podendo até leva-lo à morte.
De acordo com a Embrapa Gado de Leite para tratamento das diarréias os bezerros doentes devem ser isolados dos outros, pois ficam mais fracos e não conseguem competir pela água e comida, além de contaminarem ainda mais o ambiente, devem receber soro, de preferência caseiro, principalmente no início da doença. Em alguns casos, devem ser tratados com antibióticos, para melhor recuperação. A fórmula mais simples de soro caseiro é: para cada 5 litros de água, 45 gramas de sal de cozinha (NaCl) e 250 gramas de açúcar. O animal deverá tomar cinco litros por dia, separados em quatro partes.
Seguir à risca a prevenção de doenças infecto-contagiosas e parasitárias, fazendo aplicações de respectivas vacinas e vermífugos adotando o uso de calendário sanitário. A avaliação do desempenho dos bezerros é importante realizar o ponderal (ganho de peso), pesar os bezerros regularmente, em especial do nascimento e à desmama de preferência use balança com boa precisão, na falta de uma balança também pode ser usada uma fita de pesagem. É necessário deixar água limpa à disposição dos bezerros, desde à primeira semana. Fazer os lotes por idade ou peso para facilitar o manejo: por exemplo 1º lote (1 dia de idade a 89 dias de idade), 2º lote (90 dias de idade a 119 dias de idade), e assim a cada 3 meses, isto e claro dependendo do sistema de criação.
Os volumosos, fornecidos aos bezerros devem ser tenros, menos fibrosos, de preferência fenos de boa qualidade. A forragem verde pode ser substituída pelo pastejo. Nos primeiros dias o consumo será pequeno, mas não deve ser interrompido. Não se deve fornecer silagens a bezerros com menos de 3 meses, pois, mesmo sendo de boa qualidade pode conter a presença de mofo (contaminação por micotoxinas), provocando doenças ou mesmo a morte do bezerro.
As características nutritivas de um bom concentrado para bezerros são de baixo nível de fibra (FB) de 6 a 7%, nutrientes digestíveis totais (NDT) de pelo menos 74%, nível de proteína bruta (PB) em torno de 16 a 18%, minerais e vitaminas suficientes para atender às necessidades diárias dos bezerros. A ração, para ser mais atrativa aos bezerros deve ter sabor adocicado (uso de melaço), e o milho que dela participa deve ser desintegrado em peneira média (quirera), não como fubá, possuir textura grosseira e ser palatável. Diariamente, antes de fornecer a ração eliminar as sobras que ficaram nos cochos evitando contaminação.
A alimentação e o manejo adotado na criação de bezerro com aptidão leiteira refletem diretamente não apenas na sua sobrevivência, mas, sobretudo, na produção de leite no futuro.
Autores:
1- Zootecnista, B.Sc. Mestrando em Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Jurado Efetivo de Raças Zebuínas e Assessor de Pecuária Leiteira.
2- Médica Veterinária, M.Sc. Produção Animal Sustentável pelo Instituto de Zootecnia. Docente do Centro Paula Souza. Atua na área de sanidade, escrituração zootécnica e biotecnologia da reprodução.
REFERÊNCIA
BITTAR,C.M.M. Cuidados com o manejo. Inforleite, Sorocaba, n.8, p.44.46, jan/2011.
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