Representantes de diversos movimentos sociais ligados ao campo se reúnem a partir desta segunda-feira, em Brasília, para formular um programa único de ações voltado ao desenvolvimento rural. A ideia é que o programa sirva de contraponto ao modelo do agronegócio - que é baseado na produção em grandes propriedades, para a exportação e com uso de agrotóxicos.
Segundo participantes do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que vai até quarta-feira, a reforma agrária, o fortalecimento da agricultura familiar, além da demarcação de terras indígenas e quilombolas, são elementos fundamentais que devem integrar o projeto alternativo.
O representante da Via Campesina, João Pedro Stédile, defendeu que a reorganização do modelo de produção rural no Brasil é urgente. "A reforma agrária é uma necessidade para o Brasil, mas ela está parada. Queremos que a agricultura seja organizada para produzir alimentos sadios, sem agrotóxicos e para o povo brasileiro. Para isso, é preciso garantir que o pobre e o sem-terra tenham terra e condições de produzir alimentos", disse, em entrevista coletiva durante a abertura do evento, que ocorre no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, na capital federal.
Segundo Stédile, o agronegócio "é um modelo predador, excludente e que coloca em risco a soberania do país", já que atrai o capital internacional e afasta a população campesina da atividade rural.
O secretário de Política Agrária da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Wiliam Clementino, enfatizou, durante a entrevista coletiva, que a implementação da reforma agrária é fundamental para o sucesso das políticas de combate à pobreza. "Nenhum programa de combate à pobreza e à miséria terá sucesso sem passar pela reforma agrária. Se não mudarmos a estrutura fundiária do país, não vamos tirar as pessoas da pobreza e dar a elas as condições de produção".
Elisângela Araújo, representante da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), destacou que a unificação das reivindicações e das propostas dos vários setores ligados ao campo fortalece as discussões para a construção de políticas estruturantes, capazes de garantir, além do acesso à terra, assistência técnica de qualidade, pesquisas e tecnologias acessíveis aos pequenos produtores.
Ao fim do encontro, os participantes, estimados pelos organizadores em mais de 5 mil, vão promover uma marcha, partindo do local do evento, o Parque da Cidade, até o Palácio do Planalto. Eles também vão entregar o documento final produzido durante os três dias de evento a representantes dos Três Poderes.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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