Na Fazenda São João, no município de Anastácio, a 130 km de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, o criador Ildefonso Lucas Gessi, conhecido como seu Afonsinho, decidiu suplementar as 2.000 cabeças de bovinos meio-sangue mantidas no pasto seguindo uma tendência do setor: redução dos custos com o abate de animais mais jovens e a otimização do pasto, uma das premissas da pecuária ambientalmente sustentável.
Um projeto de semiconfinamento apresenta muitas vantagens, como o baixo investimento em infraestrutura, mas seus adeptos sofriam com a falta de equipamentos adequados. Quando seu Afonsinho começou, no início em 2014, a suplementação do rebanho era feita manualmente por três funcionários. Todas as tardes do dia anterior à distribuição, 3.000 quilos de ração,composta por milho e farelo de soja, eram batidos, pesados e depois ensacados, costurados e depositados em uma carreta. Na manhã seguinte, a carreta percorria sete quilômetros para atender os 11 módulos com oito pastos rotacionados, cada um medindo em média 20 hectares. Em todo piquete, um funcionário jogava as sacas, o outro abria e espalhava a ração pelo cocho, enquanto o terceiro dirigia a carreta. O trabalho começava às 6h30 e só terminava depois das 9h. “A distribuição manual era muito demorada e trabalhosa”, lembra o médico veterinário Pedro Camargo Júnior, responsável pelo manejo do rebanho.
Em março de 2015, o criador investiu na aquisição de um equipamento para a distribuição da ração a pasto recém-lançado no mercado. “A suplementação de todo o rebanho passou a ser feita em uma hora, com um só funcionário”, afirma Camargo Jr., que não chegou a mensurar os ganhos com a redução da mão de obra e de horas-máquina, mas estima que só a possibilidade de contar com dois funcionários para outras funções na fazenda resulta em uma economia mensal de R$ 2.600.
Com a melhoria no manejo do arraçoamento, a fazenda deve ampliar o número de bovinos terminados em semiconfinamento no próximo ciclo. “A mecanização na pecuária extensiva se torna cada vez mais necessária”, afirma a zootecnista Jaqueline Casale, coordenadora de Logística da Casale Equipamentos, indústria sediada em São Carlos, a 250 km da capital paulista, que apresentou em 2014 o primeiro modelo da empresa direcionado para semiconfinamento, o Feeder SC 45, caçamba galvanizada com capacidade para 3,2 toneladas.
Este ano, durante a 23ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto, a 350 km de São Paulo, dois outros modelos foram apresentados: O Feeder SC 75, que comporta 5,25 toneladas e o Feeder SC 200, caminhão com capacidade para carregar até 14 t de uma vez.
Sob medida – Segundo Jaqueline, toda a linha foi fruto de um estudo de mercado e pesquisa entre criadores e fabricantes de ração no Brasil. “Percebemos que a adoção da suplementação a pasto está crescendo e muitos confinadores estavam adaptando nossos misturadores para este fim”, explica.
Muitas máquinas adaptadas para a suplementação a pasto foram desenvolvidas para abastecer o confinamento, mas não têm a robustez necessária para enfrentar as oscilações, pedras e declives, comuns em uma fazenda de pecuária bovina. As adaptações, geralmente, não apresentam o resultado desejado e acabam quebrando ou desperdiçando ração pelo caminho, já que, diferentemente do confinamento, onde os cochos são projetados de forma a facilitar a distribuição da ração, no campo os comedouros são instalados onde o boi está, e nem sempre é um lugar onde um caminhão ou vagão distribuidor consegue chegar.
“O principal problema estava nos transbordos de ração das máquinas, muitas vezes mal posicionadas, que obrigavam o operador a dar ré no caminhão para completar o abastecimento do cocho”, acrescenta o zootecnista Arlindo Vilela, sócio-diretor da Novanis, indústria de nutrição animal localizada em Rondonópolis, a 200 km de Cuiabá, MT.
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Fonte: DBO 416