O ano de 2015 ficará marcado pela aprovação em Paris de um acordo histórico e ambicioso contra a mudança climática, no qual 195 países e a União Europeia (UE) se comprometeram a avançar juntos para uma economia baixa em carbono.
O primeiro pacto global contra o aquecimento, que custou duas décadas de cúpulas do clima e teve sua reta final entre 30 de novembro e 12 de dezembro na capital francesa, aspira limitar abaixo de dois graus o aumento da temperatura média no final deste século com relação aos valores pré-industriais.
A capacidade diplomática da França e o apoio de países como os Estados Unidos, China, Índia e Alemanha, que consideraram que o combate afeta todas as políticas e o modelo de desenvolvimento em seu conjunto, permitiram superar o fracasso da conferência de Copenhague em 2009.
Satisfação e lágrimas colocaram fim a 13 dias de intensas negociações, que derivaram em um pacto legalmente vinculativo, mas visto também como insuficiente por seus opositores porque não contempla sanções e porque a maior parte das responsabilidades exigidas não estão submissas a um cumprimento legal.
Para não ultrapassar os dois graus em 2100 e se aproximar da vontade de que esse número se reduza aos 1,5 grau, o acordo inclui os compromissos entregues já por 187 dos 195 países que integram a Convenção de Mudança Climática das Nações Unidas, e estabelece dispositivos de revisão e atualização das contribuições.
O ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, acredita que as pressões nacional e internacional e os efeitos sobre a reputação de quem não cumprir o previsto obrigarão os países a estarem à altura das expectativas.
O acordo entrará em vigor em 2020, e os signatários se comprometem a conseguir na segunda metade do século um equilíbrio entre os gases emitidos e os que podem ser absorvidos pelo planeta. Os países desenvolvidos se veem obrigados a mobilizar a partir de 2020 pelo menos US$ 100 bilhões anuais para apoiar a mitigação e adaptação ao aquecimento.
O financiamento, a diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e sua ambição foram os principais empecilhos da negociação, que atrasou a aprovação do acordo por um dia e que estará em andamento quando tenha sido ratificado no mínimo por 55 partes, que somem no total 55% das emissões globais.
As organizações ambientalistas consideram que este pacto marca “o fim dos combustíveis fósseis” e representa um histórico ponto de inflexão, mas advertem que carece de todas as ferramentas necessárias para lutar com eficácia” contra o aquecimento.
Selado um mês depois dos atentados terroristas de Paris, e com a presença em seu início de um número sem precedentes de chefes de Estado e de governo, suas carências não evitam que seja visto, segundo o comissário europeu de Ação pelo Clima e Energia, Miguel Arias Cañete, como uma “tremenda conquista coletiva”.
A sede da ONU em Nova York será, em 22 de abril, palco da cerimônia de adoção oficial, após a qual só restará manter a mobilização e pressão conjunta e começar a trabalhar para a implementação deste pacto. (Fonte: Terra)
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