Pesquisas mostram que o aumento da dieta líquida na fase de aleitamento pode estimular a produtividade nas fazendas leiteiras
Tese de mestrado defendida recentemente no Programa de Pós-graduação em Ciência Animal e Pastagens, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), foi a base da reportagem que aponta os resultados do aumento da oferta da dieta liquida para a bezerra nos primeiros meses de vida.
A pesquisa da zootecnista Marília Ribeiro de Paula avaliou o efeito de três diferentes sistemas de aleitamento sobre o desempenho e alterações no metabolismo energético de bezerros leiteiros até a décima semana de vida dos animais.
Os melhores resultados foram observados no sistema de aleitamento programado - que consiste em aumentar gradativamente o volume da dieta líquida de 10% para 20% do peso do animal entre a 1ª e a 6ª semana e depois voltar a reduzir a dieta para o volume inicial afim de estimular o consumo de concentrado, por volta da 10ª semana.
“Neste sistema, quando reduzimos o fornecimento de sucedâneo, houve um rápido aumento no consumo diário de concentrado, e as bezerras alcançaram consumo semelhante ao observado no sistema de aleitamento convencional, quando os animais, famintos devido à pouca oferta na dieta líquida, aumentam rapidamente o consumo da dieta seca”, diz Marília.
O resultado vai de encontro com outros estudos desenvolvidos na Europa e nos Estados Unidos que mostram que durante os primeiros meses de vida, a bezerra deve ter a amamentação intensificada para estimular seu desenvolvimento.
O problema é que, na pecuária leiteira, o leite é a matéria prima de maior valor, por isso, o fornecimento do produto para os bezerros normalmente é restrito. Muitas fazendas trabalham com uma medida equivalente a 10% do peso ao nascimento dos animais, o que representa quatro litros diários em média. A quantidade atende pouco mais que as exigências de mantença dos bezerros e, desta forma, sobra pouca energia e proteína para que os recém-nascidos alcancem altas taxas de crescimento nos primeiros 90 dias de vida.
No Paraná, produtor comprova eficiência da amamentação intensiva
O médico veterinário Jacob Voorsluis, proprietário da Chácara Aurora, em Carambeí, PR, decidiu adotar o manejo estratégico no rebanho para aumentar o retorno financeiro.
Em 2010, tratou 60 bezerras recém-nascidas com o aleitamento intensivo “Os primeiros relatórios apontam que essas novilhas têm potencial para produzir entre 36 e 37 litros de leite por dia”, aponta o criador. Se a média de produtividade se confirmar, ao final de um ano cada um desses animais terá produzido cerca 13,5 mil quilos de leite, o que será um desempenho 24% superior à média produzida atualmente pelo rebanho, que está em 10,5 mil quilos anuais.
Segundo Voorsluis, com oito semanas, quando foram desmamadas, as bezerras já pesavam 95 quilos em média. “Entre 12 e 14 meses a maioria das bezerras já pesava 380 quilos e estavam prontas para a cobertura, cerca de três meses mais cedo que as novilhas tratadas no sistema tradicional”, diz o criador, que tem como meta chegar com os animais parindo aos 22 meses.
Revista Balde Branco
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